domingo, 9 de junho de 2013

A culpa é de quem?

Em certos momentos nos deixamos manipular pela transição de idéias legitimadoras de diversos instrumentos de comunicação em massa, sejam revistas, jornal, televisão ou mesmo a própria internet.
Deparamo-nos no dia-a-dia com as mensagens pré-estabelecidas e “digerimo-as” como situações objetivas da realidade. Podemos citar, neste momento, como as mídias transformam a ação social de cidadão em uma luta contra a comunidade. Digo isso consciente, indubitavelmente, da ingenuidade receptiva dos leitores destas mensagens pragmáticas em que os oprimidos tornam-se “opressores”. Uma observação clara disso é o ato civil das greves e manifestação. Tivemos recentemente uma manifestação contra o aumento da taxa do transporte público.
Sobre o assunto podemos observar que a mídia fantasiou em muito a situação ocorrida, mas, ignorantemente, deixou algumas lacunas a serem discutidas. Podemos especular diversas opniões sobre o que a própria mídia proporcionou de informações. Em primeiro lugar analisamos a informação sobre a violência dos “ativistas” durante a manifestação. Considerando, como propõe Isaac Newton, que “toda ação corresponde a uma reação”, a manifestação surge como uma forma, do povo, de expressar uma reprovação da imposição do Estado de aumento da taxa de condução. Podemos ainda problematizar que foi exposto que os manifestantes tiveram de ser detidos pelo sistema de policiamento através de bombas de gás e balas de borracha. Informam ainda que vidros do sistema de metrô foram quebrados durante a manifestação, considerando que foram os “marginalizados” freqüentantes da manifestação que o fizeram, mas se quem disparou os tiros com balas de borracha foi a polícia, o que nos garante que foram os manifestantes que depredaram o metrô e não os agentes do Estado que ali oprimiram? Da mesma forma, podemos analisar que ninguém parte pra agressão se não se sente oprimido, sendo assim, como começaram as ações de violência durante a manifestação?
Estas questões são ignoradas pelo sistema midiático, o qual escandaliza o cidadão transformando-o em vilão, quando o que o mesmo pretende é expressar sua opinião sobre o mundo. Percebemos ainda que a indignação parte daqueles que utilizam o transporte público, adolescentes, estudantes, proletários, entre outros. Essa não é uma preocupação dos detentores do capital econômico, uma vez que os mesmos transportam-se de carro, ou até mesmo helicóptero. A mídia não divulga que quem realmente sofre com essas situações é o próprio cidadão.


Sendo ainda mais críticos, percebemos como o pragmatismo midiático é forte ao ponto de fazer com que o cidadão volte-se contra alguém que luta pelos seus direitos, pois, como podemos lembrar Michael Foucault em “vigiar e punir”, a luta contra o Estado acaba tornando-se uma luta contra o cidadão e contra a sociedade.

Está no momento dos cidadãos perceberem que são oprimidos pelo Estado e condicionados pelos padrões normativos da burguesia, sucumbidos ao receptivo e grilhados por axiomas ideológicos. Está num momento de todo o cidadão assumir uma responsabilidade e consciência libertadora para que, acordados para a realidade, nos vejamos capazes de lutar pelos nossos direitos e pesar, num “pensar certo”, o que as mensagens da comunicação em massa nos proporcionam, assim como a partir de que posicionamento elas se expressam. Somente assim estaremos prontos para poder nos sentir capazes de julgar a “ética” de algum cidadão.

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