“O sistema de policiamento, atacado
com pedras, revida com balas de borracha e gás lacrimogêneo, independente da
situação em que as crianças da região se encontram. Em depoimento, a PM informa
que os policiais fizeram seu papel”.
Este fato pode passar isoladamente pela nossa sociedade, mas, como
sujeitos conscientes, não podemos ignorar essa realidade que assombra muitas
famílias em todas as partes do mundo, inclusive em todo o Brasil.
Surgiu nos últimos dias um caso especial de desapropriação de terreno. É
espantoso como a mídia se apropria destas situações, em que as classes baixas
sofrem, se desesperam e se descontrolam. O foque durante a reportagem esteve,
em grande parte, nos moradores que se protegiam como podiam, atirando pedras,
para proteger sua casa e seus pertences. Estes mesmos moradores considerados
“cidadãos” eram revidados pela tropa de choque devidamente armada e ameaçadora.
Para muitas pessoas essa situação é ignorável, para outras tantas, as
quais já sofreram situação semelhante, sobra a revolta e indignação. Digo isso
visando que as minhas experiências biográficas compactuam as afinidades perante
o assunto. Sendo assim, até que ponto somos justos em desapropriar pessoas que
não tem condições de moradia, nem tampouco de outros direitos que são
garantidos por lei, para despejá-las de sua residência?
Creio que muitos dos leitores devem estar cientes da onda de incêndios em
favelas ocorridos no final de 2011 e inicio de 2012. Desta onda, surgiram
diversas pessoas interessadas em ajudar os necessitados, outros tantos
limitaram-se apenas lamentar. Quando percebemos crianças envolvidas dizemos que
elas não tem culpa, que não escolheram por aquilo, mas perguntamos se o
trabalhador, que por conseqüências do destino e da desigualdade social de
classes, é culpado por morar em situações de risco, e em locais os quais teme
ser desabrigado?
Falta humanização, ou quem sabe seja exatamente a nossa humanidade que
possibilita a existência destas realidades, pois se a humanidade possibilitou a
“evolução” da espécie, possibilita ainda a manutenção das disparidades e
desigualdades de acesso à educação, à cultura, à moradia e à saúde.
Nestes momentos refletimos: o que é necessário ocorrer, para que as
pessoas sintam-se humanas e ajudem uns aos outros sem a necessidade das
tragédias? A realidade só é chocante
quando chama a atenção da mídia burocrática de comunicação em massa?
Finalizo apenas com um quadrinho de Armandinho:
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