terça-feira, 2 de agosto de 2016

Posicionamento reflexivo ante a questão de Genero



Constantemente pego-me discutindo a questão de gênero.. e erroneamente me interpretam como machista... como crítico ilícito do posicionamento feminista manifesto superficialmente por algumas pessoas que se dispõe ao posicionamento radical e conservadorista .

A verdade é que não tenho o menor interesse de aprovação ideológica e não nego o valor dado às mulheres que cumprem uma dupla jornada... no entanto como ser pensante vejo como inconcebível a imparcialidade quanto a situação cristalizada na sociedade, a qual submete competências pela Genesis do gênero. Acho louvável uma mulher que chega do trabalho e tem seus filhos pra cuidar.. roupas para lavar.. casa pra arrumar... isso tanto quanto acho louvável um homem que desempenha a mesma função. Jamais consegui ficar inquieto ao ouvir que a mulher é melhor nisso que o homem, ou você versa.




Sou um homem que arruma a casa.. que lavo e passo as minhas roupas... que cozinho e tudo o mais... Ainda assim, não me vejo como uma exceção nem como o "Herói da Espécie"..

A verdade é que não faço nada além do que todos deveriam fazer.. independente de sexo, estas são regras básicas de ser Humano.. se sujou, limpe... se quer, faça... parto do princípio em que se utilizo o sexo como meio para justificar habilidades/competências, apenas estou utilizando-o como artifício para justificar a desigualdade e hierarquização vigorante numa sociedade doente como a atual cultura nacional.

Nem todas as mulheres tem habilidades na cozinha... Nem todos os homens tem habilidades em elétrica. . Então prefiro ver a todos como pessoas e não como homens e mulheres.. apenas como Seres Humanos.
Fazer seja lá o que for não vai me tornar mais, nem menos, mas postar-me indiferente a hierarquização de gêneros não me qualifica como um Ser. Qualifica-me apenas como mais um Ser..
Concordo que este posicionamento praticamente utópico pode ser irreal, talvez submisso a inocência imatura de minha existencia, de apenas 29 anos, mas não posso querer acabar com a indiferença sendo indiferente com a máscara da "igualdade social".

Neste momento vejo uma sociedade doentia, onde a autovalorização depende da submissão dos demais, sem perceber que para se ter algo, não é necessário tirar-se nada de ninguem. As mulheres merecem ser vistas como importantes e respeitadas igualmente aos homens. É inegavel a disparidade social de tratamento, não somente para mulheres, mas pra etnias, opções sexuais e tudo o mais. Mas todos precisam ser exaltados como Seres Humanos, não por isso ou aquilo que convergem com determinado posicionamento sociocultural-histórico, mas por respeito multuo e impactante, possivel apenas para uma sociedade crítica e autocrítica, reflexiva e progressista.

Solidário a toda Justiça-escrito em fevereiro

Não é novidade a ninguém o caso ocorrido em 2008 referente a um seqüestro seguido de assassinato. Nesta ultima semana o julgamento do caso de uma morena, morta em 2008, gerou muita polemica, todos os canais televisivos paravam para expor os resultados do julgamento. Os jornais também destacavam colunas para deixar os cidadãos atualizados sobre o andamento das audiências, sobre advogados dizendo para juizas voltarem a estudar e confissões da tragédia.
A população, claramente “solidária a toda justiça social”, comoveu-se e encontrou um tempinho em sua agenda exacerbada para manifestar-se enfrente ao fórum, solicitando condenação para o réu. Cartazes expunham sua indignação, gritos fortificavam seus sentimentos, seus rostos expressavam mais do que seus gritos e, seus gestos, mais que seus cartazes.
Em determinado momento, a mãe loira da filha assassinada morena, postou-se na janela da sala de espera e acenou, uma sena muito semelhante a quando o Rei do Pop, Michael Jackson, esteve no Brasil, nos anos 90, atraindo toda a atenção para si. Pude perceber então como a tragédia serviu para que figuras se tornassem celebridades.
Analisando todo o contexto, ou apenas a parte que a mídia tentou transmitir e cristalizar na mente social, eu me pergunto: E agora como fica o réu?; afinal todo o mundo comete erros e, ele não é o primeiro assassino, nem mesmo o ultimo. Porque este caso é tão polêmico? porque eram namorados? Mas uma vida é uma vida, sendo conhecido ou não. E sua sentença será mais pesada porque a população julgou-o (assim como a Cristo) como culpado e que deve pagar sendo julgado desta forma? Mas e a justiça igual a todos os homens?
Outras perguntas também levanto: porque a população, que pe tão solidária, não ajudou os policiais em sua greve? Por que não marcharam junto aos professores por melhores salários e valorização da profissão? Por que não fazem cartazes de indignação pelo preço do transporte público? Por que não pedem melhoria da Educação? Por que não pedem justiça pelas lutas de classe? Pelos sem teto? Por que não foram solidários nos incêndios ocorridos nas favelas e nas enchentes? Por que o povo não sai as ruas para questionar políticos corruptos? O Preconceito?
A verdade é que tudo isso é muita hipocrisia.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Ei Haddad Tomamos a Cidade!!- texto desenvolvido no dia 14 de Junho de 2013



Acorda Brasil!!!

 

Esta semana mais uma serie de manifestações tem mostrado que o brasileiro está indignado com os descasos da política nacional. As lutas, passeatas e protestos da manifestação, paulista em especial, adquiriram visibilidade desde o dia 10 de Junho de 2013, quando mais de 100 mil pessoas se juntaram nas ruas de São Paulo, e vídeos foram divulgados da opressão policial contra os manifestantes que até então eram considerados “vândalos” pela mídia e grande massa social.

A partir do ocorrido, o povo se manteve unido demonstrando que a opressão Estatal não consegue sucumbir a extrema indignação do povo brasileiro, num protesto que tem servido como instrumento para a exteriorização da indignação da sociedade brasileira contra as ideologias e injustiças do sistema do Estado nacional.

Entoando um brado forte e retumbante em protesto na Av. Paulista, localizada no centro da Cidade de São Paulo, mais uma vez milhares de pessoas se juntaram em prol da manifestação contra o aumento da passagem não somente em São Paulo, mas em todo o Brasil.

Dia 11 de Junho, no trajeto à Av. Paulista, milhares de pessoas gritavam juntas contra a proposta do PEC 27, entre outros estribilos. Manifestamos ainda não contra a Copa, ainda que seja uma questão passível de questionamento, mas questionamos os investimentos e a utilização do evento para maquiar e alienar os cidadãos, numa tentativa de apagar a criticidade social, como dito durante o trajeto: “Ei! vamo acordar! o professor vale mais do que o Neymar!!”.

Hoje conseguimos a proposta do que segundo nosso governo era impossível: a passagem voltará aos R$3 reais. Hoje mais que nunca os políticos perceberam que o cidadão brasileiro acordou para a realidade que deve ser mudada. Agora, mais que nunca, perceberam que o “ser brasileiro” encontrou uma identidade ativa e questionadora.

Os protestos, mobilizados majoritariamente por jovens, comoveu e dominou a cidade. Hoje, apesar da conquista, não podemos nos acomodar como vencedores da batalha, essa é apenas uma das quais devemos lutar.

Ainda encontramos políticos recebendo 14º e 15º salário, trabalhando apenas três dias por semana, com remuneração de 20.000, enquanto o trabalhador que “se mata” num trabalho de 8 horas por dia 5 à 6 dias por semana, tendo de renda familiar de um salário mínimo (R$678,00) para sustentar quatro pessoas, sem benefícios, sem usufruir de seus direitos garantidos pela CF. de acesso à saúde, educação de qualidade, lazer entre outros tantos benefícios que não saem do papel.

O Povo brasileiro precisa manter-se ativo e questionar as injustiças e desigualdades, a falta de investimento nas necessidades do povo, principalmente das classes medias e baixas. Precisa questionar a inoperância do sistema carcerário na sua ideológica funcionalidade, a qual deveria proporcionar uma (re)socialização, e não somente uma punição, a qual muitas das pessoas que ali se encontram já tem sofrido punições desde nascença devido aos descasos da própria sociedade ( e de seu governo). Precisamos nos manter conscientes e questionar a possibilidade de aceitação do PEC 27 e do investimento nacional em recursos inacessíveis para o próprio povo, lembrando que somos cobrados em impostos por recursos dos quais acabamos sendo obrigados a pagar novamente por eles, sejam sistemas de saúde à sistemas de educação.

Por fim, devemos nos manter conscientes e autocríticos para que não voltemos a dormir nos próximos anos, e nas próximas décadas. Hoje o governo sabe que o “monstro” chamado cidadão está acordado

 


domingo, 16 de junho de 2013

Maioridade penal: uma reflexão sócio-pedagógica






 Falar sobre a maioridade penal tem-se tornado um passatempo polêmico na atualidade. A análise sobre o assunto, no entanto, torna-se complexa, pois por um lado temos a criminalidade social aflorada e explicita e, de outro possuímos as concepções sobre direitos humanos e singularidades da criança e do adolescente.
Pode-se observar claramente que uma grande maioria da sociedade não detém o conhecimento necessário para explicar o que é, ou para que serve, o ambiente de privação social, ou simplificando prisão. Teoricamente, segundo as leis nacionais, seria um período de afastamento do sujeito, para que este passe por um processo de (re)socialização. Torna-se, no entanto, quase um senso comum de que isso não passa de uma ideologia utópica. Os presídios tem servido como verdadeiras escolas da criminalidade, e ritual de passagem para uma legitimação das identidades indispensáveis para quem pratica a omissão do código penal.
Deve-se analisar nessas situações que, diminuir a maioridade penal, simplesmente para a restrição do convívio social por um tempo maior, para adolescentes, não resolveria o problema, uma vez que, por vezes, são apenas indicados como autores do “crime”, devido a menor período de detenção. Dito de outra forma, são indicados a assumir responsabilidade por crimes que não comenteram, apenas para dispensar o verdadeiro autor, maior de idade.
É imprescindível ainda que considere-se que mesmo adultos, por vezes tomamos atitudes das quais nos arrependemos, seja num relacionamento, numa discussão, ou mesmo outras situações. Desta forma, condenar um adolescente à reclusão social, sem a noção de que ele ainda estará em desenvolvimento de sua identidade, que começa a partir dos 12 anos, sem garantir ainda os direitos de acesso como propõe o ECA, de educação de qualidade, à saúde, à lazer, à cultura, etc., desconsiderando ainda as situações de desigualdade social e os preconceitos, ignorando ainda o estigma vigente a partir da prisão prematura, e as possibilidades de “escolarização” do mundo do crime, entre outros detalhes, torna-se o mais fácil.
Considerar ainda que a reclusão do indivíduo a proposta de melhoria no sistema carcerário, simplesmente indica a vigência de uma visão individualista, cristalizada pelo sistema capitalista o qual vivemos, de modo que a partir do momento em que o indivíduo cometeu determinado crime, ele é o único responsável por isso e ninguém mais. A partir desta análise, torna-se obvia a necessidade social de eximir-se da responsabilidade social que se tem sobre esses indivíduos, e pode-se dizer isso de ambas as partes, tanto do indivíduo, que culpa a sociedade, quanto da sociedade, que culpa o indivíduo.
Um breve exemplo pode ser citado sobre a influencia sócio-economica sobre os estímulos da desigualdade: digamos que um sujeito, adolescente de 16 anos, idade em que a puberdade está se manifestando, considerarei negro devido a ainda não fazer parte dos padrões vigentes de beleza, mesmo estando em um país como o Brasil, da classe media-baixa, morador de “comunidade”, estudante de escola pública, filho de faxineira e de catador de papelão, ou mesmo de um traficante. Este mesmo garoto, apaixona-se loucamente por uma garota estilo “paniquete”, da classe média, moradora de uma outra região, ou mesmo moradora da mesma comunidade em que o mesmo. Este garoto, ao ver que, não somente esta garota, como todas as outras em sua volta, seja na escola, na televisão, e em qualquer outro lugar, interessa-se somente por garotos que pilotam motocicletas, vestem tênis e roupas da moda. Quais são as alternativas que o mesmo possui? O quanto ele precisará trabalhar para conseguir o necessário para a aquisição destes bens? Não se pode dizer ainda que uma situação compense a outra, no entanto, negar que as pessoas reagem idiossincrasicamente em relação aos problemas que enfrentam, seria um grande erro.
Apesar de um tanto quanto aflorada, essa situação é comum no ambiente social. Não podemos, no entanto, eximir nos da cooperatividade e da responsabilidade pela manutenção e reprodução desta realidade. É evidente que nem todos temos acesso a não somente grande capital econômico, mas cultural e intelectual. Simplesmente julgarmos aos outros, desconsiderando que somos parte da causa, é desumano, ou quem sabe prova da nossa humanidade.
                                         
Devemos considerar ainda que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), prevê diversas medidas sócio-educativas, que por vezes não é cumprida. Sendo assim, enquanto o sistema político não cumprir as leis vigentes na atualidade, seja o ECA, ou mesmo os artigos da Constituição Federal de 88, principalmente os artigos 5º e 6º, não se pode exigem nem culpar os adolescentes como “marginais” da sociedade. Que o Estado se faça cumprir, e que as leis atuais realmente não sirvam mais (quando realmente aplicadas) para a Sociedade. Ai sim poderá se cobrar que parte da população assuma por ações de omissão da lei, por adolescentes. Não devemos esquecer que aprovando esta alteração, e estando a favor das propostas governamentais de responsabilização do indivíduo, além da privatização do sistema carcerário, o qual traria maior desigualdade e favoreceria o sistema econômico nacional, estaremos julgando a vida/futuro de uma pessoa, condenando-a ou sentenciando-a à algo que pode determinar seu destino. 

                                   

sábado, 15 de junho de 2013

Democracia ou ditadura?


A choque vem e nos reprime, trabalhador de opinião virou um crime.

Essa foi a primeira coisa que me veio a mente quando começaram os protestos aqui no centro de São Paulo. Creio que, em todo o país, a notícia tem se espalhado, de que São Paulo, uma das principais cidades do país, está sofrendo uma guerra civil, não vista há tempos. Estudantes, trabalhadores e jornalistas sendo presos por algo que acreditam, por descaso de um prefeito e de um governo autoritarista que reprime o cidadão de opinião.
Nestes últimos dias, aproximadamente 10.000 pessoas, ou mais, se reuniram em cada manifestação contra o Estado em diversos pontos do centro de São Paulo. Estamos vivendo uma segunda ditadura, onde a revolta do povo contra o aumento da passagem para R$3,20 é grande. Há muito não explicitava-se tanto que a democracia é só uma fachada.
O Estado, agora posta-se dizendo que pretende suspender o aumento da passagem por 45 dias, para discutir o assunto. Bom, realmente pensam que o povo é ignorante. Realmente acreditam que ninguém pararia para pensar que na próxima semana começa a Copa das Confederações e, outros países estarão com a mídia focada nos jogos. Caso a revolta popular permaneça, isso prejudicaria a imagem do estado e do país, mostrando-o despreparado para receber a Copa do mundo.
Engraçado como a mídia sensacionalista propõe uma visão depreciativa quanto aos manifestantes, ao mesmo tempo tenta equilibrar apontando oficiais da justiça atacando jornalistas, entre outros.
Não sabemos até que ponto os sistemas de comunicação em massa estão preocupados com a opinião social das classes dominadas, ou se estão assumindo uma postura “PSDBistas”, para derrubar o atual prefeito do PT.
Reflito ainda sobre outros apontamentos. Saiu ontem num dos jornais gratuitos do metrô que, o prefeito Haddad falou que não iria dialogar com os manifestantes, pois “o dialogo precede a violência”. Tenho duvidas se ele conversaria sobre outras situações. Se estivéssemos numa democracia, o povo deveria concordar com as ações do Estado, o que obviamente não está acontecendo. Ao contrário, o que temos observado é uma serie de coações impedindo que o povo se organize e expresse sua indignação quanto às atitudes governamentais.


Repressão
Não à liberdade de expressão
Não ao direito de reunião


Onde estão as leis que servem para o povo?
Onde está a nossa constituição?
Onde está a cidadania?

Se o cidadão, que deveria ter seu direito garantido pela Carta Magna de nosso país, não consegue apropriar-se dos mesmos, como pode a rede social querer discutir sobre a diminuição da maioridade penal?
Enquanto isso, somos distraídos pela mídia e seu entretenimento alienando-nos do que realmente está acontecendo em nossa cidade e em nosso país, com a Copa das confederações, a Copa do Mundo e os Shows “gratuitos” da cidade.

ESSA É A NOSSA DEMOCRACIA, NÃO PODEMOS NOS MOVIMENTAR CONTRA O GOVERNO QUE TOMAMOS TIRO.

http://www.melhorquebacon.com/24-momentos-protesto-sao-paulo/



quinta-feira, 13 de junho de 2013

Solidariedades mil


“O sistema de policiamento, atacado com pedras, revida com balas de borracha e gás lacrimogêneo, independente da situação em que as crianças da região se encontram. Em depoimento, a PM informa que os policiais fizeram seu papel”.

 

Este fato pode passar isoladamente pela nossa sociedade, mas, como sujeitos conscientes, não podemos ignorar essa realidade que assombra muitas famílias em todas as partes do mundo, inclusive em todo o Brasil.

Surgiu nos últimos dias um caso especial de desapropriação de terreno. É espantoso como a mídia se apropria destas situações, em que as classes baixas sofrem, se desesperam e se descontrolam. O foque durante a reportagem esteve, em grande parte, nos moradores que se protegiam como podiam, atirando pedras, para proteger sua casa e seus pertences. Estes mesmos moradores considerados “cidadãos” eram revidados pela tropa de choque devidamente armada e ameaçadora.

Para muitas pessoas essa situação é ignorável, para outras tantas, as quais já sofreram situação semelhante, sobra a revolta e indignação. Digo isso visando que as minhas experiências biográficas compactuam as afinidades perante o assunto. Sendo assim, até que ponto somos justos em desapropriar pessoas que não tem condições de moradia, nem tampouco de outros direitos que são garantidos por lei, para despejá-las de sua residência?

Creio que muitos dos leitores devem estar cientes da onda de incêndios em favelas ocorridos no final de 2011 e inicio de 2012. Desta onda, surgiram diversas pessoas interessadas em ajudar os necessitados, outros tantos limitaram-se apenas lamentar. Quando percebemos crianças envolvidas dizemos que elas não tem culpa, que não escolheram por aquilo, mas perguntamos se o trabalhador, que por conseqüências do destino e da desigualdade social de classes, é culpado por morar em situações de risco, e em locais os quais teme ser desabrigado?

Falta humanização, ou quem sabe seja exatamente a nossa humanidade que possibilita a existência destas realidades, pois se a humanidade possibilitou a “evolução” da espécie, possibilita ainda a manutenção das disparidades e desigualdades de acesso à educação, à cultura, à moradia e à saúde.

Nestes momentos refletimos: o que é necessário ocorrer, para que as pessoas sintam-se humanas e ajudem uns aos outros sem a necessidade das tragédias?  A realidade só é chocante quando chama a atenção da mídia burocrática de comunicação em massa?

Finalizo apenas com um quadrinho de Armandinho:

domingo, 9 de junho de 2013

A culpa é de quem?

Em certos momentos nos deixamos manipular pela transição de idéias legitimadoras de diversos instrumentos de comunicação em massa, sejam revistas, jornal, televisão ou mesmo a própria internet.
Deparamo-nos no dia-a-dia com as mensagens pré-estabelecidas e “digerimo-as” como situações objetivas da realidade. Podemos citar, neste momento, como as mídias transformam a ação social de cidadão em uma luta contra a comunidade. Digo isso consciente, indubitavelmente, da ingenuidade receptiva dos leitores destas mensagens pragmáticas em que os oprimidos tornam-se “opressores”. Uma observação clara disso é o ato civil das greves e manifestação. Tivemos recentemente uma manifestação contra o aumento da taxa do transporte público.
Sobre o assunto podemos observar que a mídia fantasiou em muito a situação ocorrida, mas, ignorantemente, deixou algumas lacunas a serem discutidas. Podemos especular diversas opniões sobre o que a própria mídia proporcionou de informações. Em primeiro lugar analisamos a informação sobre a violência dos “ativistas” durante a manifestação. Considerando, como propõe Isaac Newton, que “toda ação corresponde a uma reação”, a manifestação surge como uma forma, do povo, de expressar uma reprovação da imposição do Estado de aumento da taxa de condução. Podemos ainda problematizar que foi exposto que os manifestantes tiveram de ser detidos pelo sistema de policiamento através de bombas de gás e balas de borracha. Informam ainda que vidros do sistema de metrô foram quebrados durante a manifestação, considerando que foram os “marginalizados” freqüentantes da manifestação que o fizeram, mas se quem disparou os tiros com balas de borracha foi a polícia, o que nos garante que foram os manifestantes que depredaram o metrô e não os agentes do Estado que ali oprimiram? Da mesma forma, podemos analisar que ninguém parte pra agressão se não se sente oprimido, sendo assim, como começaram as ações de violência durante a manifestação?
Estas questões são ignoradas pelo sistema midiático, o qual escandaliza o cidadão transformando-o em vilão, quando o que o mesmo pretende é expressar sua opinião sobre o mundo. Percebemos ainda que a indignação parte daqueles que utilizam o transporte público, adolescentes, estudantes, proletários, entre outros. Essa não é uma preocupação dos detentores do capital econômico, uma vez que os mesmos transportam-se de carro, ou até mesmo helicóptero. A mídia não divulga que quem realmente sofre com essas situações é o próprio cidadão.


Sendo ainda mais críticos, percebemos como o pragmatismo midiático é forte ao ponto de fazer com que o cidadão volte-se contra alguém que luta pelos seus direitos, pois, como podemos lembrar Michael Foucault em “vigiar e punir”, a luta contra o Estado acaba tornando-se uma luta contra o cidadão e contra a sociedade.

Está no momento dos cidadãos perceberem que são oprimidos pelo Estado e condicionados pelos padrões normativos da burguesia, sucumbidos ao receptivo e grilhados por axiomas ideológicos. Está num momento de todo o cidadão assumir uma responsabilidade e consciência libertadora para que, acordados para a realidade, nos vejamos capazes de lutar pelos nossos direitos e pesar, num “pensar certo”, o que as mensagens da comunicação em massa nos proporcionam, assim como a partir de que posicionamento elas se expressam. Somente assim estaremos prontos para poder nos sentir capazes de julgar a “ética” de algum cidadão.

domingo, 31 de março de 2013

Reflexões do dia

Querid@s que acompanham este blog, Desculpem-me pelo meu afastamento nos ultimos tempos.. mas prometo que voltarei a fazer postagens neste blog o qual tenho grande afinidade. Enfim, muitos perceberão um amadurecimento nas ideias, ainda que não tenha aprofundado muito o assunto que será trabalhado. Espero que gostem: Bom, podemos dizer que a prática epistemológica de pesquisa sobre o significado das palavras trata-se de um T.O.C. de pesquisadores na área de humanas, mas a pura reflexão e auto-reflexão sobre a própria pratica, nos possibilita compreender que os signos pactualizados e legitimados em ambientes sócio-culturais podem nos possibilitar conhecimentos e pré-conceitos equivocados. Nesta manhã, assim como em muitas outras me peguei refletindo sobre essa questão: porque as pessoas me consideram inteligente? Tenho grades dificuldades de compreensão sobre assuntos os quais não domino. Sendo desta forma, não me considero inteligente. Segundo o dicionário houaiss: Inteligência  substantivo feminino 1 faculdade de conhecer, compreender e aprender 2 capacidade de compreender e resolver novos problemas e conflitos e de adaptar-se a novas situações 3 conjunto de funções psíquicas e psicofisiológicas que contribuem para o conhecimento, para a compreensão da natureza das coisas e do significado dos fatos Desta forma torna-se um pouco complexo considerar-me apenas uma pessoa esforçada, onde no mesmo dicionário representa: Esforçado  adjetivo 1 que tem vigor, energia; forte 2 feito com trabalho, vigor, diligência  adjetivo e substantivo masculino 3 diz-se de ou indivíduo que demonstra grande aplicação e vigor na realização de suas tarefas 3.1 diz-se de indivíduo que, apesar de pouco ou nada inteligente, empenha-se em realizar satisfatoriamente suas tarefas Ainda assim, apesar da proximidade simbólica dos valores expostos, seguindo a noção do 3.1 do conceito de esforçado, considero que esforço-me mais do que absorvo bem um novo conhecimento. Num geral não acredito em talentos natos, compactuo a idéia de predisposições estimuladas durante o processo de desenvolvimento cognitivo. Nesta predisposição estimulada, as pessoas adquirem maior repertorio cultural e intelectual (como propõe Bourdieu) e, através das legitimações contidas nos ambientes sociais, as pessoas tendem a maior ou menor afinidade com determinadas áreas do conhecimento. Por vezes podemos considerar ainda que existem pessoas que possuem maior facilidade em determinadas áreas, como por exemplo exatas, e pouca desenvoltura para a área de humanas. Da mesma forma podemos considerar o inverso. Podemos por vezes analisar ainda que conteúdos da área de exatas estão mais acessíveis (não determinantemente, mas pré-estimuladas) aos homens, enquanto as áreas de humanas, consideradas mais relativas e menos precisas, são socialmente mais propostas para as mulheres. Indubitavelmente, não deixo de considerar essa analise machista, ou no mínimo um pensamento primitivo sobre a capacidade do desenvolvimento cognitivamente semelhante dos sujeitos sociais, no entanto, esta permanece uma característica vigente socialmente. Quantas não são as pessoas que estranham um pai cuidadoso? Um professor homem na creche? Em verdade as construções sociais do conhecimento tem se transformado de tal forma que a mulher tem deixado de representar a visibilidade no mercado masculino, enquanto o contrário não. Nos últimos tempos podemos perceber maior estranhamento em homens atuando em áreas majoritariamente femininas do que em mulheres trabalhando em áreas majoritariamente masculinas. Uma mulher juíza não é mais estranho do que um pedagogo em creche. Uma mulher dona de empresa não é mais estranha do que um homem babá (o que alias, nem sei se tem um masculino, nem tampouco cheguei a conhecer um homem que atuasse na área). Esta postagem não tem por interesse chegar à conclusões, mas gostaria fica o pensamento. Talves esta seja uma reflexão que interessa a poucos, mas ao mesmo tempo é algo a se refletir....

terça-feira, 27 de março de 2012

Solidário a toda Justiça-escrito em fevereiro

Não é novidade a ninguém o caso ocorrido em 2008 referente a um seqüestro seguido de assassinato. Nesta ultima semana o julgamento do caso de uma morena, morta em 2008, gerou muita polemica, todos os canais televisivos paravam para expor os resultados do julgamento. Os jornais também destacavam colunas para deixar os cidadãos atualizados sobre o andamento das audiências, sobre advogados dizendo para juizas voltarem a estudar e confissões da tragédia.
A população, claramente “solidária a toda justiça social”, comoveu-se e encontrou um tempinho em sua agenda exacerbada para manifestar-se enfrente ao fórum, solicitando condenação para o réu. Cartazes expunham sua indignação, gritos fortificavam seus sentimentos, seus rostos expressavam mais do que seus gritos e, seus gestos, mais que seus cartazes.
Em determinado momento, a mãe loira da filha assassinada morena, postou-se na janela da sala de espera e acenou, uma sena muito semelhante a quando o Rei do Pop, Michael Jackson, esteve no Brasil, nos anos 90, atraindo toda a atenção para si. Pude perceber então como a tragédia serviu para que figuras se tornassem celebridades.
Analisando todo o contexto, ou apenas a parte que a mídia tentou transmitir e cristalizar na mente social, eu me pergunto: E agora como fica o réu?; afinal todo o mundo comete erros e, ele não é o primeiro assassino, nem mesmo o ultimo. Porque este caso é tão polêmico? porque eram namorados? Mas uma vida é uma vida, sendo conhecido ou não. E sua sentença será mais pesada porque a população julgou-o (assim como a Cristo) como culpado e que deve pagar sendo julgado desta forma? Mas e a justiça igual a todos os homens?
Outras perguntas também levanto: porque a população, que pe tão solidária, não ajudou os policiais em sua greve? Por que não marcharam junto aos professores por melhores salários e valorização da profissão? Por que não fazem cartazes de indignação pelo preço do transporte público? Por que não pedem melhoria da Educação? Por que não pedem justiça pelas lutas de classe? Pelos sem teto? Por que não foram solidários nos incêndios ocorridos nas favelas e nas enchentes? Por que o povo não sai as ruas para questionar políticos corruptos? O Preconceito?
A verdade é que tudo isso é muita hipocrisia.

sábado, 5 de novembro de 2011

Homens na Pedagogia: Um estudo sobre as representações e tensões na socialização de gênero.

Ms. Elias Evangelista GOMES (Professor de Sociologia da Educação)
Damásio Rodrigues Simão Reis JORGE (Iniciação Científica)

RESUMO
O tema gênero no campo pedagógico tem sido bastante explorado, abordando quase que, exclusivamente, a partir da perspectiva feminina, da desvalorização docente, ou mesmo da assimilação da feminilidade com o campo pedagógico. Esta pesquisa, no entanto, tem como foco o homem estudante de pedagogia, estagiário, professor da Educação Infantil. Observa-se uma presença majoritária de mulheres no curso de pedagogia e minoritária quanto se trata dos homens que se identificam, principalmente, com o trabalho nas séries iniciais. Parte-se da hipótese de que, tanto para estudantes quanto para os/as profissionais da educação, a presença do homem na Educação Infantil está tensionada por paradigmas e ideologias de diferenciação e desigualdade de gênero. Nesta pesquisa de iniciação científica, busca-se em compreender como homens estudantes de pedagogia se representam e como sentem representados em seus estágios, por pais, mães, crianças, professores/as e toda a comunidade escolar.


OBJETIVO
Esta pesquisa tem como objetivo compreender como são desenvolvidas as práticas de socialização de gênero, a partir da visão de homens estudantes de pedagogia em fase de estágio na Educação Infantil. Nossa intenção é compreender como eles se representam e sentem as representações sobre si mesmos no ambiente educacional infantil.


PROBLEMA DE PESQUISA
Na profissão docente, principalmente na educação infantil e nas séries iniciais, há uma grande concentração de mulheres, refletindo certa orientação e conformação social de que educação é o lugar do cuidado e o cuidado uma tarefa feminina. Porém, existem homens que se aventuram nesse ambiente. Indagamos, então, sobre as sensações vividas por aqueles que se encontram num ambiente profissional em que seu gênero é minoritário. Indaga-se: Quais são as tensões existentes no processo de inserção do homem na Educação Infantil?


METODOLOGIA
Tendo em vista o objetivo e problema de pesquisa, a metodologia qualitativa se mostra mais adequada para responder a pergunta geral. Busca-se, através da análise de casos particulares, compreender como os homens estudantes de pedagogia, em fase de estágio, narram suas experiências de inserção profissional na Educação Infantil. Para isso, serão utilizadas entrevistas semi-estruturadas, visando possibilitar conexões de sentido entre as falas de alguns pesquisados.


REFERENCIAL TEÓRICO

BERGER, Peter & LUCKMANN. A construção social da realidade. 6.ed. Petrópolis: Vozes, 1985.
BOURDIEU, PIERRE. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus Editora, 1996.
CARVALHO, Marília Pinto de. Movimentos sociais por educação: A invisibilidade dos Gêneros. Caderno de Pesquisa: São Paulo. Maio, 1995.
CARVALHO, Marília Pinto de. Vozes masculinas numa profissão feminina: o que têm a dizer os professores. Faculdade de São Paulo: São Paulo. Setembro, 1998.
CARVALHO, Marília Pinto de. Ensino, uma atividade relacional. Faculdade de Educação da USP: São Paulo, 1998.
ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Estado de Conhecimento nº 6 Formação de professores no Brasil (1990-1998). MEC/Inep/Comped: Brasília-DF, 2002.
MARTINS, Heloisa Helena T. de Souza. Metodologia Qualitativa de pesquisa. Educação e pesquisa: São Paulo. V.30, n2, p.289-300, maio/ago, 2004.